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A presença de plantas daninhas na soja é uma das principais dores de cabeça para agricultores. Dentre essas plantas daninhas, o capim-amargoso tira o sono de muita gente, pois tem grande capacidade de matocompetição com a soja, ocasionando grandes prejuízos à produtividade.

Quando não controlado, o capim-amargoso pode causar perdas que passam de mais da metade de toda a safra, principalmente quando ocorre a partir do estágio inicial de desenvolvimento da cultura, resultando em sérios impactos econômicos. Há ainda o grave problema de resistência dessa planta daninha a alguns herbicidas, como é o caso do glifosato.

Por isso, é preciso conhecer as principais características do capim-amargoso e quais devem ser as estratégias mais eficazes para controlar essa planta daninha na soja, deixando ela longe da cultura.

Considerado por muitos produtores como uma das plantas daninhas mais difíceis de se controlar, o capim-amargoso (Digitaria insularis) apresenta ciclo perene, com seu ciclo de vida podendo durar mais de 2 anos. Essa planta se reproduz através de sementes e produz estruturas de reserva subterrâneas (rizomas), além de formar touceiras.

O capim-amargoso é adaptado a quase todo o território nacional, infestando a maioria dos cultivos de grãos do Brasil. Estima-se que, atualmente, exista a infestação corresponda a 8,2 milhões de hectares em nosso país.

Sua ampla dispersão está associada principalmente à elevada capacidade de produzir grande quantidade de sementes (em torno de 60 mil sementes por inflorescência) que são facilmente disseminadas pelo vento durante todo o ano.

Além disso, o capim-amargoso possui metabolismo fotossintético do tipo C4, indicando alta eficiência na produção de biomassa em condições de temperaturas elevadas. Pode também produzir aleloquímicos (que gera alelopatia), abrigar pragas (como os percevejos) e doenças.

Essa planta daninha é também bastante agressiva na competição com a cultura de interesse, interferindo na produtividade agrícola das culturas.

Além de sua grande capacidade de competição com a planta da soja, o capim-amargoso também vem sendo motivo de muita preocupação em razão da resistência a herbicidas, como o glifosato.

O primeiro caso de capim-amargoso resistente ao glifosato foi identificado no estado do Paraná, na safra 2007/2008 e a dispersão dessas populações foi tão grande que, em 2016, 87% das populações coletadas à beira de rodovias nos estados do Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás apresentaram resistência ao glifosato.

Dessa forma, como alternativa ao glifosato, o controle químico do capim-amargoso com graminicidas vem sendo uma estratégia interessante, com a aplicação ocorrendo nas fases de pré e pós-emergência.

Na fase pré-emergente, os mecanismos de ação que controlam com eficiência esta planta daninha são responsáveis pela inibição da divisão celular, do PSII, da síntese de carotenoides, da ALS e os inibidores da Protox.

No controle realizado na fase pós-emergência, os principais herbicidas alternativos ao glifosato pertencem ao grupo dos inibidores da ACCase, da glutamina sintetase (GS) e dos inibidores do PSI.

Para oferecer uma eficiente alternativa ao aumento da resistência do capim-amargoso presente na soja a alguns grupos de herbicidas, muitas estratégias ponderam a adoção de um graminicida altamente seletivo que tem como ingrediente ativo a Quizalofope-P-etílico.

Este produto é capaz de controlar uma grande diversidade de plantas infestantes na soja, dentre elas o capim-amargoso, o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) e o milho voluntário (Zea mays).

Este herbicida pertence à classe química de herbicidas inibidores de ACCase. Assim, uma vez aplicado, o produto é rapidamente absorvido pelas folhas e translocado para os pontos de crescimento das plantas.

Sua ação se dá através do bloqueio da atividade das enzimas Acetil-Coa Carboxilase (ACCase) e comprometem a atividade das membranas celulares, consequentemente afetando o crescimento dessa planta daninha.

Texto e foto: Canal Rural

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