Investimento parece ser uma palavra proibida neste momento de queda de renda e de consumo. Mas nem sempre esta lógica é a melhor. Uma companhia focada no mercado de alimentação coletiva localizada em Santa Cruz do Sul (RS), em janeiro deste ano, pouco antes da pandemia chegar ao Brasil, investiu em um sistema de energia solar fotovoltaica e, com isso, o consumo de energia elétrica caiu cerca de 40% frente à média mensal da companhia, dinheiro que está sendo usando para compensar a queda nas vendas, resultado da retração econômica.
“Há no país mais de 70 linhas de financiamento que permitem adquirir a tecnologia fotovoltaica com quase nenhum aporte, além de possuírem taxas a 0,8% ao mês, o que viabiliza a instalação”, diz Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). Muitas vezes, o valor economizado na conta de luz abate o valor da parcela do financiamento e libera recursos para recompor o caixa das empresas.
De acordo com a ABSOLAR, o uso da tecnologia fotovoltaica em telhados e terrenos pode reduzir custos de energia para as empresas em até 95% e ampliar a capacidade de investimento no negócio e geração de novos empregos.
Como a atividade econômica tende a voltar de forma lenta, um aporte bem programado agora poderá ajudar as empresas a se organizarem a médio e longo prazo, quando o consumo deve voltar a crescer e a demanda por energia também. Segundo levantamento da entidade, os investimentos privados das organizações nesta área somam cerca de R$ 6,1 bilhões, desde 2012 no País.
A empresa gaúcha, mencionada acima investiu cerca de R$ 500 mil e, de acordo com a análise realizada pela empresa, o retorno do valor deve acontecer em um prazo de três anos e meio. “O investimento em equipamentos de energia solar é uma maneira de economizar, o que possibilita também investir em outros setores do negócio, além de permitir uma autonomia energética para as operações. Outro ponto são as iniciativas de responsabilidade ambiental, que vão muito além de estratégia de mercado, mas que se propagam cada vez mais em busca de qualidade de vida para as próximas gerações”, comenta Mara Schwengber, coordenadora regional da ABSOLAR no Rio Grande do Sul e executiva da Solled, empresa que desenvolveu o projeto.
O presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk, lembra também que o sistema fotovoltaico é hoje um dos melhores investimentos para empresas e cidadãos, já que traz um retorno muito acima do oferecido no próprio mercado financeiro. “Como o juro real no Brasil está mais baixo, os consumidores têm buscado alternativas de investimentos com retornos mais rápidos, como é o caso da energia solar”, comenta.
Para o CEO da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, o Brasil é uma nação solar por natureza, com condições privilegiadas para se tornar uma liderança mundial na área. “A energia solar fotovoltaica reduz o custo de energia elétrica da população, aumenta a competitividade das empresas e desafoga o orçamento do poder público, beneficiando pequenos, médios e grandes consumidores do País”, diz Sauaia.